QUISERA…

Quisera me embrenhar nas profundezas da gruta
E no recôndito silêncio perscrutar o coração de José,
Inquieto e feliz – a contemplar o teu sono
E sem alarde escutar
Maria entoando nazarenas canções…

Quisera atento vigiar a reverência do Universo
Na luminosidade das estrelas,
Na suavidade da brisa,
No ruminar dos animais,
No morno sol da manhã,
No reluzente orvalho,
Na alvorada dos passarinhos
E toda a Terra se extasiando com a sua Presença…
E tu – inocentemente – sacralizando todas as coisas!
Quisera esconder-me entre as oliveiras
Para observar os marginalizados, anônimos e assustados pastores
Sendo privilegiados com tão boa e libertadora notícia!

Ah! Como eu quisera vê-los correndo nos seus campos
Deixando rebanhos para encontrar o que realmente importa:
E tu – sereno e amorosamente – acolhendo-os…
Quisera confabular com aquela pobre gente
para saber qual foi o impacto daquela mensagem…
Talvez dissessem simplesmente
Que depois daquele encontro a vida nunca mais foi a mesma.

Quisera lá do rude estábulo, pelo menos ouvir os mensageiros
E entender sua língua e seus cânticos:
Paz, Justiça, Fraternidade, Amor, Solidariedade, Unidade,
Coerência, Coerência, Coerência…
Quisera compreender os teus sinais:
Saber que uma estrela é mais que uma estrela,
Que uma manjedoura é mais que uma manjedoura,
Que incenso, ouro e mirra
São mais que simples ou ricas ofertas,
E tudo – absolutamente tudo –  o que nossos olhos vêem
Significam muito mais…

Quisera juntar-me àquela caravana do Oriente,
E investigar o que homens tão ricos e sábios procuravam.
O que os fez partir em tão longa jornada
Seguindo um sinal no céu?
Decerto diriam que ainda não sabiam ao certo,
Mas por Alguém infinitamente maior
Se colocaram a caminho
Para mudar – para sempre – os caminhos…

Quisera que a sua presença tocasse
No coração de cada pessoa,
E despertasse a consciência de todos
Para acudir os que choram
A dor do abandono,
Da exclusão,
Da discriminação,
Da infame fome
E de tudo que violenta a dignidade humana,
Pois não há como negar
Que Tu, Pequenino, elevaste a nossa dignidade
Aos mais altos patamares.
Quisera seguir-Te hoje ainda:
Pois Tu me interpelas e me inquietas:
O que devo fazer?
Qual é a minha missão?
E Teus mensageiros cruzam meus caminhos
Lembrando-me quem Tu és
E me desinstalam chamando-me para novos rumos:
Apontam para a Justiça
Sinalizam para a Ética,
Indicam o Amor…

A Tua linguagem permanece a mesma,
E os Teus sinais continuam vivos e eternos,
E a Terra continua sagrada,
E todo o Universo para sempre Te reverencia…

Robson Santarém | Anima Consultoria
E-mail: robson.santarem@animah.com.br
(inspirado após visitar Belém na Palestina)

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